quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Gargalho
mais mulher
Menos carente
mais dependente
Saio do corpo por muitas vezes
Vou ao céu e caio no mar
E até me falta ar
Sinto que não há chão embaixo dos meus pés
E tento me equilibrar
mas teus braços atentos me socorrem
Teu olhar preocupado me vigia
Sinto-me criança no colo
E gargalho
Ah, essa tua energia
esse teu viver
no mar
sem ar
Não precisa combinar
Só teus lábios fechados que me dizem
Tantas coisas das quais eu não sei desenhar
E que me fazem suspirar
A cada olhar
Mesmo que eu não te escreva
se aquiete
é minha alma descansando de palavras
e se deliciando com lembranças
Lembranças de uma noite mal dormida
mas bem vivida
Lembranças de um final de semana
Frio na rua
e caloroso aqui dentro
Lembranças de travessuras em uma noite curta
É possível que hoje eu ainda não te escreva
E amanhã também não
mas sua presença estará sempre em meus lençóis
Meus lençóis que teimam em ter teu cheiro
tua marca
ansiando pela tua presença
até que eu pare de escrever em linhas tortas
e escreva novamente em teus lábios
Idosos ou velhos?
Veja o depoimento de um idoso de setenta anos:
Idosa é uma pessoa que tem muita idade.
Velha é a pessoa que perdeu a jovialidade.
A idade causa degenerescência das células.
A velhice causa a degenerescência do espírito.
Por isso nem todo idoso é velho e há velho que ainda nem chegou a ser idoso.
Você é idoso quando sonha.
É velho quando apenas dorme.
Você é idoso quando ainda aprende.
É velho quando já nem ensina.
Você é idoso quando pratica esportes, ou de alguma outra forma se exercita.
É velho quando apenas descansa.
Você é idoso quando ainda sente amor.
É velho quando só tem ciúmes e sentimento de posse.
Você é idoso quando o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida.
É velho quando todos os dias parecem o último da longa jornada.
Você é idoso quando seu calendário tem amanhãs.
É velho quando seu calendário só tem ontens.
O idoso é uma ponte entre o passado e o presente, como o jovem é uma ponte entre o presente e o futuro.
E é no presente que os dois se encontram.
Velho, não existe ponte entre o passado e o presente, existe um fosso que o separa do presente pelo apego ao passado.
O idoso se renova a cada dia que começa; o velho se acaba a cada noite que termina.
O idoso tem seus olhos postos no horizonte de onde o sol desponta e a esperança se ilumina.
O velho tem sua miopia voltada para os tempos que passaram.
O idoso tem planos.
O velho tem saudades.
O idoso curte o que resta da vida.
O velho sofre o que o aproxima da morte.
O idoso se moderniza, dialoga com a juventude,
O velho se emperra no seu tempo.
O idoso leva uma vida ativa,
O velho cochila no vazio de sua vida.
As rugas do idoso são bonitas porque foram marcadas pelo sorriso.
As rugas do velho são feias porque foram vincadas pela amargura.
Cada fase da vida tem seu encanto, sua doçura, suas descobertas.
Viva!!
Noberto de Castro Brum
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Percurso
Todos eles juntos me trouxeram onde estou.
As pedras que me atiraram às costas apressaram meus passos.
Os espinhos em que pisei e precisei parar para arrancá-los me fizeram perder tempo, mas tive tempo para aprender, até enquanto caminhava com a ferida exposta e cicatrizante.
Os bons cheiros e miragens, e o canto de alguns pássaros que cruzaram meu caminho serviram de apoio para eu continuar, sabendo que logo haveria mais e mais.
Os erros no inicio do percurso serviram para adaptar-me.
“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, quando os sonhos são sonhados com vivacidade, quando o objetivo é bem comum
Reina o verão
As estrelas escondidas
E o vento como um
Fantasma atravessando minha janela
O calor do meu corpo não é nada sem o seu atrito
Meus pés gelados que se acostumara a aquecer-se nas suas coxas
Minha respiração que se aquece na proximidade da tua
Meu corpo todo se engana
Se julgando frágil
Para em teus braços adormecer
La fora continuaria inverno
Mas aqui reinaria o eterno verão
Você está aqui
uma imagem
uma ilusão
uma premonição
uma lembrança
tantas explicações
ou nenhuma
Fruto da minha imaginação
ou mensagem divina
O que sei é que sendo assim
ou não
você faz parte de mim
Surtos
me envolve
me enobrece
O vento parado
como o tempo parado
lento
lerdo
pensativo. Não
sem destino
somente leve
em espirais se contorce
levando a menina
até a antena parabólica
para sintonizar
o mundo
dispensável
Alucinação - 02
Reservado a não entrar em erupção
Assim
Você
A me fazer tremer
Temer?
Pra que?
Se no teu braço forte
Nem mesmo a morte
por hora
Mexe com a minha imaginação
E sem forças
aem açúcares
vem
a minha alucinação
Alucionação
E eu nua
Seus beijos minha lareira
Seu sorriso
imaginação
a música da chuva caindo
nos desperta em alucinação
teus carinhos ainda me consomem
até o mundo girar mais rápido
e derreter-se como um vulcão.
Respostas - 04
pra te dizer
Mas as perguntas que me fazes
não dá pra entender
Se queres saber
viva seu ser
Que o seu querer
esqueça o querer deles
Eu queria as respostas
pra entender
mas nem as perguntas
me deixam querer
Suba no penhasco
e olhe para você
está tudo branco
e frio
Ande devagar
o gelo vai cair
o gelo vai quebrar
embaixo dos seus pés
Você está sozinho
onde você deixou o calor
que os outros
lhe ofereciam?
Tenha paciência
não julgue
Tenha equilíbrio entre
aquele e este
Olhe para o azul e se acalme
é o teu filho-rei
Respostas - 03
Eu não quero
Eu não quero ficar sozinha
Eu tenho
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As crianças vermelhas me atacam todos os dias
As flores a minha volta são muitas e imensas
e as crianças vermelhas a querem para si
As crianças azuis vão aparecer
Ou eu me juntarei
Àquela que tanto amo
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Saia da minha frente
Fique bem longe
Você é uma ilusão
Eu sou forte para te enxergar
Você não
A sua ilusão
Seu olhar cativante é uma espada linda e afiada
Não me atormentarás.
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Eu não quero fazer parte de letras de samba
Eu não quero ser a mulata que maltrata
nem a polaca mal amada
eu não quero ser a amante do boêmio
nem viver de ilusões
Eu não quero sofrer lagrimas nostálgicas de tantos amores não vividos
eu não quero ser mambembe dos corações
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Eu não quero tanta coisa de você
Eu quero tanta coisa de mim
Meus pecados serão perdoados?
Minha mente terá paz?
Os pássaros cantarão de novo na minha janela
e seus defeitos para mim serão beldades?
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O carnaval não é meu
A ingrata poesia de veludo eu não quero
Respostas - 02
são os contatos que ela traz Não os vingarão por hora
Sua majestosa majestade impera do outro lado daquele arbusto preto, cinza, irreconhecível aos olhos da amada.
Sujestivo o seu pensamento.Na sua casa verde os gnomos entrarão e a renderão com todos os seus pilares balísticos.
A balsa vem de longe.
Traumas de superfície ela não pode ter mais.
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Sangue azul ficando roxo
O pescador vai escamar os pêlos alheios
Ficarão todos sós e ninguém mais os verá
Tradição trarão obras de sinagoga apertadas pelas espinhas e o veludo das rosas mosquetas mordidas por mocinhas de longos e lençóis embebidos em garapa cheio de vinho tinto avinagrado.
Tostam milhões condenam centenas.
O holocausto de si.
A cortina aberta o segundo morador da sua morada traz a sinta acordado em couros e ouros tradicionais embriagando-se de tantas lesmas...
Respostas - 01
O tempo
Urge
Amanhã ele vem
Os jardins floridos estarão lá ainda
A brisa quente do mar por lá passará
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O pêndulo equilibrado
A noite clara O sol escuro
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Vivemos em outro tempo
com o mesmo sorriso de hoje
O cheiro e o toque eram os mesmos
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O caco
o sangue
a espingarda
O vento
o mel
a abelha
O sangue
a lama
o sujo
A tristeza
a liberdade
a prisão
olho do gato
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Eles trazem margaridas com laços amarelos e nós de espinho
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Películas fotográficas registram e eternizam amores acabados
Clac clac
Amores não acabados eternos de outros para outros para sempre
Amores findados
vendados
superlativos
incomuns
Cereais de chocolate
Como a infância de felizes hipócritas
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Pira pilha
Som do colchão
Lua lá fora com o som do trovão
Medo do raio cheio de luz
Falam outras línguas
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Na companhia da solidão... e da lua
bem mais bonito do que eu conhecia
Posso sentir o perfume das flores
pisar descalça na grama
olhar o luar fazendo sombras em nossos corpos
Sinto melhor o gosto das coisas
e sei sentir prazer nos gostos diferentes, novos
Rio com a dor da saudade
porque sei que ela não tarda em acabar
mesmo quando ela não se despede quando deveria estar longe
Na solidão e na ausência do meu bem querer
me conforto com curtas lembranças e longos sonhos
Meu sorriso não me escapa mais
O brilho dos meus olhos só se acendem com a proximidade da sua presença
e a noite por enquanto me faz companhia
junto à lua me olhando da minha janela despida de cortinas
Só um desabafo
Por me fazer sentir amor explodindo sem caber em mim
Por não saber mais como demonstrar meu carinho, se não com tudo que posso oferecer
Minha necessidade por você ao meu lado aumenta a cada minutinho
E é bom demais
Não esquece que eu o amo
Não muito, nem pouco, nem demais
Só de verdade