quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O amigo cupido



Todo mundo tem um amigo cupido. Ele normalmente erra o alvo, mas quando acerta, dá muita história pra contar.


Então a bela loira estava de novo solteira. E mulher solteira hoje em dia é problema na certa. Ou sinônimo de depressão ou de farra. Difícil ter um meio termo.


E daí o amigo cupido resolveu entrar em cena...


Mexendo um pauzinho daqui e outro dali conseguiu com que o casalzinho marcasse um encontro (mas na sua presença), afinal, cupido que se preza tem que dar a última flechada.
No caminho, o amigo cupido levando a loira, tem uma crise de riso, e ela, não entendendo nada começa a questioná-lo. O troglodita não responde, mal consegue respirar de tanto rir, e acaba confessando, depois de retomar o fôlego, que o pretendente, na verdade NÃO havia perguntado por ela, que NÃO tinha dito que a achava linda, bla, bla, bla.


Bom, a mulher está solteira, oscilando entre rebeldia e depressão, ainda ouvir uma dessa, foi quase um acidente.
Aos berros, ela manda que o cretino pare o carro, que dê a volta, que ela não vai comparecer neste encontro, que foi uma falta de respeito o que ele fez, que a amizade deles estava por um fio, que onde já se viu, o que o rapaz iria pensar dela, que ela não é desse tipo facinha, dentre tantas outras alegações.


O cupido agora meio amigo, tentando responder aos berros da mocinha, mantê-la dentro do carro, e prestar atenção no trânsito, tudo ao mesmo tempo, consegue por fim esclarecer que o pretendente também não sabia de nada, e que ele usou a mesma tática com o rapaz.


Ta. Não foi tão fácil, mas vamos para a parte que ela aceitou continuar para o primeiro encontro, se não a história não acaba nunca.


Chegando ao local marcado, o meio amigo cupido (ainda, porque mulher demora um pouco para perdoar) e a loira sentam-se para esperar o Tom Cruise. E o relógio rodando...
Como o atraso já estava grande, a loira resolve beber uma taça de vinho, e outra, e outra, e outra... entre várias carteiras de cigarro, e entre mensagens enviadas pelo pretendente ao amigo cupido justificando seu atraso, mas que logo chegaria.


E não chegava.


Lá pelas tantas, o pretendente resolve ligar, avisando que não poderá comparecer devido a um problema no trabalho.


Fala sério. Se é comigo, nunca mais. Passou, a fila anda, e já era. Quando um homem está interessado, não tem mãe doente.
Mas, a loira super interessada no docinho, (que ainda nem conhecia pessoalmente), e auxiliada por algumas taças de vinho, ainda manda uma mensagem para o rapazinho informando que os ingressos para o show de sabe lá quem já estavam comprados, e que dessa vez ela o esperava, mas “sem furos de reportagem”. O Cara era (e se essa história é real, ainda é) jornalista. Ta. A piadinha foi boa, mas bem infame para a situação na qual a mocinha se encontrava, né?
Mais uma vez lembro do meu amigo Pudim, da peça Analice em busca do homem perfeito e me pergunto “Jesus, onde estamos????”
Ta. Mais uma tentativa de encontro seria feita, depois dessa noite perdida, onde a coitadinha volta pra casa abatida, desencantada da vida... E a noite, em seu travesseiro, antes não vomitado de vinho ouve “De noite eu rondo a cidade, a te procurar sem encontrar, no meio de olhares espio, por todos os bares você não está...”


Ressaca curada, e vamos à mais uma noite. É, ela é insistente, ou confia demais no agora novamente amigo cupido.
Show, muita gente, muito barulho, e muitos casaizinhos apaixonados para deixar qualquer solteirona com os nervos à flor da pele.
E lá está o amigo cupido e a loira. Em breve o docinho iria chegar. Mais expectativa do que love is in the air. Aí o amigo cupido tentando acalmá-la, e deixá-la segura começa com a sessão de dicas pela parte masculina. Primeiro (e único) comentário: “Não seja muito você, se não vai espantar o cara. Ele é meio tímido, meio quieto”.
O QUE???? Além de loira, ele é linda, interessante, bom papo, divertida, espontânea, e não pode usar suas qualidades? Como assim? Que merda é essa? O que você está querendo dizer com isso? E mais uma vez o amigo cupido perde o cargo e volta a ser o meio amigo cupido. Então sem mais delongas, antes que o pretendente chegue, o meio amigo se adianta em pedir ajuda à loira. Vai que quando o rapazinho chegar ela não gosta? Então, ela que já está uma fera, vai pôr tudo a perder, ele pede à ela que dê um sinal discreto quando o rapaz chegar para que ele deixe caminho livre ou não.


Aí o rapaz chega, e o sinal nada discreto sai da boca, dos olhos, dos braços e da alma da nossa amiga. Ok. Sinal verde, caminho livre. O "melhor amigo" cupido sai de cena, e deixa os dois a sós para conversar, se conhecer, trocar olhares durante looooooooooongos quinze minutos antes de se entregarem aos beijos.


É. Ela avisou que não era facinha.


Estou acostumada a sempre me perguntarem o final das minhas histórias, mas essa é uma história sem final.

Não há final feliz.

Há continuação feliz.
Há para sempre feliz.
Há quem não acredite, mas é assim quando é verdadeiro.
E se essa história é ou fosse verdade, os docinhos estariam de casamento marcado em menos de um ano de relacionamento, que seria esta semana.
Ah... Adivinha quem seria o padrinho desse matrimônio?

Então, eu dedico esse texto a todos que acreditam no amor. No verdadeiro. E que possam ser felizes, juntos, todos os dias, e que nunca tenham um FINAL feliz.

Um comentário:

Unknown disse...

Hehe... conheço essa história! E não sou o amigo cupido :o) Parabéns Vanessa, escreve muito bem. Passou um filminho pela cabeça! Bjos meus e da Pipe.
Julius