terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Razões de amor

Razões de amor
J.G. de Araújo Jorge

Gosto de ti desesperadamente: dos teus cabelos de tarde onde mergulho o rosto,
dos teus olhos de remanso onde me morro e descanso;
dos teus seios de ambrosias, brancos manjares trementescom dois vermelhos morangos para as minhas alegrias;
de teu ventre - uma enseada - porto sem cais e sem mar -branca areia à espera da onda que em vaivém vai se espraiar;
de teu quadris, instrumento de tantas curvas, convexo, de tuas coxas que lembram as brancas asas do sexo;
do teu corpo só de alvuras - das infinitas ternurasde tuas mãos, que são ninhos de aconchegos e carinhos, mãos angorás, que parecem que só de carícias tecemesses desejos da gente...
Gosto de ti desesperadamente;
gosto de ti, toda, inteira nua, nua, bela, bela, dos teus cabelos de tarde aos teus pés de Cinderela,(há dois pássaros inquietos em teus pequeninos pés)- gosto de ti, feiticeira,tal como tu és...

(Poema de JG de Araujo Jorge, extraído do livro A SÓS... , 1958)

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