segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Eu não vou envelhecer

Esses dias eu vi uma foto minha
uma foto de uns dez, onze anos atrás
Pra alguns vai parecer muito tempo
pra outros, muito pouco
É verdade que algumas coisas mudaram
Mas eu procuro no espelho e não vejo nada grave
Procuro incansável
uma ruga
um sinal
Até as manchas que tinham se apoderado de mim
ha sete anos estão tão discretas...
Será que meu espelho está mentindo pra mim?
Eu nunca fui muito cuidadosa
mas agora parece costume, vicio, mania
não sei
mas é bom passar um adstringente
um creme
me faz sentir no mínimo cheirosa
Um banho de rosas me faz sentir com os pés fora do chão
Um chá antes de dormir é tão confortável
quanto a cama quente
Achei
Essas manias
Essas manias são coisas de quem está envelhecendo
Só pode
Essa vontade de querer ver um filminho
comer uma pipoca
do que chegar em casa com os pés inchados
de saltos altos e ficar em pé a madrugada inteira dançando
Ah, essa vontade de dormir de conchinha depois de um banho quente
Trocaria qualquer jantar badalado e cervejas
por uma noite tranqüila assistindo desenho na cama
Prefiro as risadas de histórias mal contadas
às gargalhadas engasgadas num lugar que ninguém me ouve
Até idéias que me amendrontavam
hoje me agradam
me fazem sorrir e suspirar
Mas cadê a ruguinha?
Maldito espelho
Um dia te pego de surpresa

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