segunda-feira, 29 de setembro de 2008

À uma bela e forte mulher

E ela andava em boas companhias
E estudou em bons colégios
Aí resolveu sair do aconchego desse lar
e ir para outro
O outro não tinha cheiro de pêssego
mas mesmo assim ela se sentia livre
E os outros ainda gostavam dela
e a admiravam
Sempre foi bonita
Mas o seu cabelo começou a ficar...
estranho
E quando os outros a viam
já se assustavam
mas ainda gostavam dela
E ela andou por outros caminhos
E ninguém percebia
que tinha espinho embaixo dos seus pés
nem ela
Os outros continuavam a gostar dela
sempre foi forte
única
Mas as pedras começaram a machucá-la
E ela sentiu falta do cheiro de pêssego
mas ainda era livre
e era suficiente
E foi andando com as pedras a acertando
e os espinhos a torturando
Os outros continuavam a gostar dela
mas ela já não gostava
O cheiro de pêssego ela só sentia quando sonhava
Se há um terceiro mundo
entre o dela e o dos outros que a amavam
foi esse terceiro que a chamou
e de alguma forma
o cheiro do pêssego foi mais forte que ela mesmo
e ela pediu
pediu com todas as forças para que tirassem
os espinhos dela
e que não mais fosse apedrejada
É por isso que os outros gostam tanto dela
Ela ficou feia
mas ainda é bela
Ela foi fraca
mas persiste forte
e aquela estrela cadente que um dia apareceu
pousou em seu coração
e por ali vai permanecer
porque gosta tanto dela
quanto os outros

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