segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Filhos de chocadeiras, doentes

Você anda pelas ruas e não olha nos olhos
Se alguém te cumprimenta você acha que é um doido
Um hippie se aproximou de você só pra oferecer umas bijus
e você o escorraçou com um olhar frio
Você não consegue dar um sorriso pra um mendigo
porque já julga antes de saber
Você tem medo da sua sombra e quando um velhinho
te olha com os olhos saudosos de sua juventude
você o expele com sua arrogância
Você anda e ônibus e não oferece o teu lugar pra uma grávida
Você anda de carro e não respeita os pedestres
Você prefere se achar esperto ao de bom coração
Quando passa um deficiente você olha sem cerimônias
E não percebe que isso o incomoda
Você foi uma criança amada?
Você teve pai e mãe?
Eu duvido
Eu estou chegando à conclusão que todos nasceram de chocadeiras
Todos viveram como animais
Todos tiveram de sobreviver à lei da selva
Pois é nela que vivemos
Na selva
Uma selva de gente mesquinha, de gente arrogante,
de gente estrelinha
Eu sou mais olhar nos olhos, sorrir pra qualquer um
Prefiro a loucura que a solidão
Alguns vão me julgar
Mas eu saio ganhando mais que perdendo
Perde quem não ama
não ama o cachorro, o vizinho, o velhinho
Vou me manter na loucura da felicidade

Um comentário:

Phillipe Lima disse...

Tenho pensado nisso. Na indiferença e estupidez do egoísmo burro. Cada vez que passo por mendigos dormindo embaixo de marquise eu penso nisso.
O egoísmo burro, que é diferente do egoísmo sadio, não percebe que dar atenção ao próximo é ajudar a si mesmo. Mas as coisas são tão estranhas nessa vida insólita, que a sensatez é capaz de se confundir com a loucura, e é melhor ser louco mesmo, porque no final essa é a única coisa que tem sentido pleno.